No caso dos presidenciáveis, o esquema de segurança é feito pela Polícia Federal (PF), que reforçou a proteção este ano pelo maior acirramento do cenário eleitoral. Depois do atentado à faca sofrido pelo presidente Bolsonaro (PL) em 2018, durante a campanha, e das ameaças ao então candidato à presidência do PT Fernando Haddad, a PF decidiu montar uma estratégia que envolve mais de 300 policiais.
Todos os candidatos contam com um número fixo de agentes da PF, menos o presidente Bolsonaro, que é acompanhado por homens do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). A quantidade de agentes depende da análise de risco da campanha. O candidato Lula (PT) foi classificado como maior risco.
Alguns candidatos e candidatas com mandato ouvidos pela reportagem relataram dificuldades para conseguir apoio público. Em muitos casos, empresas de segurança privada acabam sendo contratadas tanto por quem já tem cargo público como pelos estreantes na disputa.
“Não busquei proteção do Estado por conta da burocracia”, comenta o deputado federal e presidente do PSB da Paraíba, Gervásio Maia, em campanha pela reeleição. Ele “está andando com segurança armada em todos os compromissos de campanha” desde que foi agredido fisicamente por um assessor parlamentar de um correligionário, durante um comício em Guarabira (PB).
“A escolta privada é uma situação muito delicada”, na opinião de Sandra Carvalho, da Justiça Global, que faz oficinas de proteção com parlamentares e acompanha situações de violência política. Ela acredita que esse tipo de serviço pode expor os políticos a novos riscos. “A segurança privada no Brasil ainda precisa ser melhor aperfeiçoada. O ideal é que seja feita por agentes das forças policiais, geralmente militares ou civis.”
Na prática, não há um padrão de segurança nas campanhas. Ameaçado ao assumir o mandato de vereador em Porto Alegre (RS), Matheus Gomes (Psol), que concorre a deputado estadual, diz que tentou proteção do Estado, mas terminou contando com um esquema de segurança “auto organizado”. Ele disputa a quinta eleição, mas a primeira escoltado. “São decisões que a gente toma no interior do partido porque o Estado não nos ofereceu escolta. O Rio Grande do Sul não tem nenhum programa de proteção aos parlamentares”, diz.
Fonte: https://apublica.org/2022/09/violencia-nas-eleicoes-faz-politicos-irem-as-ruas-com-escolta/